quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Divindade


Foi por mero acaso
Conveniência indesejável
Ebulição... Ebulição...
Sóis aos teus pés
Entenreces até a mim
A compor odes a ti

Aos teus ostentosos olhos
Curvar-me-ei como os astros
És prova de minha insignificância
Sorriso hipnótico, surreal...
És meu afável carma irremediável
Tão docemente insuportável

Tuas melodiosas palavras
Despiram-me de minha indiferença
Âmago e desejável imprevisto...
Emudecido pelo inesperado
Obriguei-me, por ti
A segredar minhas lacunas

Brilhas com intensidade
Ofuscas e desvaneces minha frieza
Embora não percebas
Por vontade ou desleixo
Estou, latentemente à tua mercê
Paradoxo... Covarde...

Livra-me de tua presença
Onipresente...
Priva-me de teu aroma
Tua ausência me liberta
Aflige-me...
Merecedor de ti, jamais serei...

Distante, venerar-te-ei...



"Exercitando meu lado ruim... paciência (merdaaaaa)..."
Cleber.

sábado, 24 de novembro de 2007

Retrovisor

Dei uma dirigida hoje
Hora de emancipar
Acho que foram as surras
Que me fizeram esperto
Mas não vou agradecer
Nem pedir desculpas

Não podia respirar, me controlando
Mão na minha cara, empurrado para o chão
Inimizade desafiada
Enraizado no medo
Tentei suportar
O que não poderia perdoar

Desviei o olhar aparentemente
As feridas no espelho acenaram
Não era a minha superfície
Que fora na maior parte corrompida

Cabeça ao seu pé, tolo à sua coroa
Punho no meu prato, engoli tudo
Inimizade desafiada
Enraizado no medo
Tentei suportar
O que não poderia perdoar

Vi as coisas...
Mais claramente...
Você estava no meu espelho retrovisor
Ganho velocidade
Fugindo de você, fodendo comigo
De uma vez por todas estou longe
Dificilmente acredito
Finalmente a escuridão passou

Vi as coisas mais claramente
Vi as coisas mais claramente

De Eddie Vedder e Pearl Jam - álbum "Versus" - 1993

"Enchendo linguiça..."
Cleber.

Ps. (Adoro essa música...)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Patologia.


Levemente abalado, extremamente confuso, estranhamente convicto.
Sensação de embaraço, pulsação por vezes acelerada, suor.
Pensamentos ininterruptamente repetitivos, angustiantes.
Abandonado pelas palavras, pelo tato...
A audição ainda é impecável.
Os estímulos tornam-se nulos, adrenalina provoca sono.
Sonhos sucedem-se, sequencialmente intermitentes.
Dúvida intrínseca, uma semente ruim plantada.
Três longos dias de ausência, um ciclo inevitável...
Talvez necessário.
Embora quase intolerável, é imprescindível surportá-lo.
A salutar falta de bom senso é um sintoma óbvio.
Ansiedade incontrolável, torna-se um obstáculo.
O abraço frio da sensatez, sempre envolvente.
O inferno particular se desfaz, sob os pés flutuantes.
A direção inicial desvia-se, prioridades mudam, agora é uma só...
Perigosamente única, o futuro pessoal reclama...
O destino desassossega-se.
Fingindo eficiência, forjando argumentos cativantes.
Sob uma forçada aura de serenidade.
Tentando acobertar a face mutante, onipresente.
Buscando a possibilidade utopicamente palpável.
Entre mínimos sucessos e retumbantes fracassos.
Com a fulgurante esperança de perecer daquele doce e conhecido mau...
"'Fale sobre flores', sugeriu-me uma delas... paciência..."
Cleber.

domingo, 7 de outubro de 2007

Questão.

O mundo está LOUCO.
As PESSOAS estão tão INTOXICADAS pelo LUXO que se ESQUECEM do que nos torna mais do que ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO.
RAZÃO. VERDADE. JUSTIÇA.
LIBERDADE.
O ESPÍRITO HUMANO é uma VIDRAÇA estilhaçada... envolta em VELUDO macio e embebida de VENENO adocicado.
O MAL seduziu a HUMANIDADE. E a mesma mostrou toda a CASTIDADE de uma PUTA de três dólares.
No entanto, eu não vou CEDER. Não vou me DOBRAR.
Eu não vou ACEITAR o novo e corrupto MODO de ser.
Nem serei MARTIRIZADO.
Eu vou recolher EVIDÊNCIAS... DOCUMENTAR todas as MENTIRAS abjetas. Vou FORJAR meu MANIFESTO. Meu DESAFIO a qualquer MENTE LIVRE que o encontrar.
Como uma MENSAGEM numa garrafa.
Será DATILOGRAFADA.
Tem de ser DATILOGRAFADA. Não se pode confiar em COMPUTADORES.
Agora estão todos INTERLIGADOS. CONECTADOS aos PODERES. Aos TIRANOS.
Assim que seus PENSAMENTOS são armazenados os tiranos tomam posse deles.
O abismo olha de volta.
A mente do homem deve ser RETOMADA... se não por ESTA geração ou pela PRÓXIMA, então algum dia. Alguma DÉCADA.
Não está ao meu alcance EFETIVAR a mudança. Eu não tenho esse PODER.
Eu não sou a RESPOSTA.
Sou apenas a QUESTÃO.
TROVÕES distantes.
Não. trovões não.
São os SONS DA BATALHA...

( De Frank Miller em The Dark Knight)

"Aparentemente meus lapsos criativos são limitados... Paciência..."
Cleber.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

BORBOLETA...


Matar é minha profissão, é uma coisa natural para mim como cortar o cabelo ou tomar o café da manhã, sempre foi assim desde criança, meu nome é Betty Matsumoto sou uma assassina profissional e sou boa nisso, muito boa, aliás.

Era uma noite fria, como eu gosto, perfeita para trabalhar,cheguei à casa do alvo às 09h47min, fiquei a espreita, observando através da janela, dava para ver um homem sentado num sofá, mas ele não estava sozinho, haviam duas crianças com ele, duas garotas, provavelmente suas filhas, ele as abraçava com força enquanto assistiam algum programa na TV, estavam sorrindo por algum motivo. Aquela cena não era comum para mim já que nunca tive uma família de verdade, meus pais, filhos de imigrantes japoneses, foram assassinados quando eu ainda era um bebê. Meu Pai trabalhava para a máfia, era o braço direito do homem para quem eu trabalho agora, pelo menos foi o que me disseram, era o assassino perfeito, dizem, tal pai tal filha, acho que teria orgulho de mim.

O homem que estava prestes a matar não parecia um sujeito perigoso como os que eliminei anteriormente, todos assassinos profissionais, traficantes, mafiosos, geralmente de alguma organização rival de meus empregadores. Admito que foi divertido matá-los e muito lucrativo também. Era simples, eu obtinha as informações a respeito do alvo, entrava em seu recinto e o executava, sem piscar. Porém hoje, pela primeira vez em todos esses anos, eu hesitei, fiquei horas observando através do vidro sujo da janela daquela casa simples, o comportamento harmonioso daqueles pobres mortos-vivos, hesitante como nunca estive antes.

Eu recebo ordens e as obedeço, sou bem paga para isso, fui treinada desde criança por meu empregador, ex-chefe de meu falecido pai, que me tomou como sua própria filha. Domino as técnicas das artes marciais japonesa, chinesa e tailandesa, karate, kung fu, muai tai, sou praticamente perfeita com uma arma de fogo na mão, seja ela qual for, eu nunca erro, tenho o que eles chamam de “visão periférica”, mas não gosto de matar a distância, gosto que os calhordas que elimino vejam por quem foram executados. Meus empregadores quiseram assegurar-se de que eu seria a arma perfeita, desprovida de qualquer sentimento inútil, que torna o ser humano débil e fraco e conseguiram, até hoje.

Finalmente decido entrar na casa, sinto meu coração bater mais forte, nunca havia sentido nada parecido, o suor escorre da minha testa, minhas pernas não estão tão firmes como de costume, ainda hesitante, entro pela porta dos fundos, passo pela cozinha, impecavelmente limpa, chego até a sala onde todos assistem TV, me aproximo ainda me esgueirando, imperceptível, por trás do sofá, aponto a arma para a cabeça do alvo, mas preciso olhar em seus olhos antes de mandá-lo para o inferno. Dou a volta no sofá, todos ficam em silêncio, o homem abraça ainda mais apertado suas filhas, as crianças choram baixo, assustadas, a essa altura eu já deveria ter executado o alvo, mas ainda estou hesitante, não recebi nenhuma informação a respeito do infeliz apenas o endereço e uma foto, não há dúvida, é ele o alvo, mas não parece um traficante, nem um assassino, muito menos um mafioso e não o é, de fato. Ele começa a falar, nunca havia eu dialogado com um alvo a poucos minutos da execução, ele diz que é comerciante da região, pai solteiro, sua mulher o largou com duas filhas pequenas há dois anos. Como todo comerciante ele paga taxas para a máfia para que o permitam funcionar sua loja, ele vende, importa e conserta relógios antigos, um negócio difícil para os dias de hoje.

O homem implora por sua vida e, sobretudo, pela vida das suas filhas, repete várias vezes para que o mate, mas deixe as crianças em paz, ele sabia do que se tratava, estava a mais de um ano sem pagar a mesada aos mafiosos, foi advertido várias vezes, até que eles perderam a paciência. Eu admito, acho que pela primeira vez, por alguns segundos, senti compaixão, empatia. Aquele homem não era um traficante, um assassino nem um mafioso, era um pai solteiro que criava duas filhas, sozinho, sem ajuda, e sustentava as crianças honestamente como comerciante, enquanto um mafioso rico, usurpava dele boa parte de seu lucro sob pena de fechar o lugar ou pior, que foi o caso, foi condenado a morte, fui designada para o serviço.

Sabia que era injusto completar a missão que me foi dada, mas esse é o meu ofício, sou paga para isso. Apontei minha Glock com silenciador para o alvo, já não estava mais tensa, estava decidida, ele iria morrer ali mesmo, na frente das filhas. Então surpreendentemente uma das garotas colocou-se a frente do pai, abraçando-o, servindo de escudo para que eu não o atingisse, hesitei mais uma vez, as crianças agora choravam alto, começavam a chamar a atenção, eu precisava terminar logo o serviço. E foi o que eu fiz calculei o ângulo do coração do alvo através da menina e atirei nas costas dela, os dois morreram abraçados.A outra garota ficou catatônica, mal se mexia, eu tinha de completar o trabalho, porque, provavelmente a polícia estava a caminho, depois de todos os gritos das crianças, algum vizinho deve os ter chamado. Aquela criança iria viver só, na rua, possivelmente se viciar em drogas depois do que viu aqui, ou pior poderia ser adotada por um chefão da máfia e transformada em uma arma, fria, calculista, sem sentimentos, sem vida, como eu. Um tiro bastou para salvar sua vida. Chorei, pela primeira vez.

Voltando para dar satisfações ao meu empregador, decidi que esse tinha sido meu último serviço para a máfia, decidi finalmente viver minha própria vida e deixar a dos outros em paz. Agora, aqui sentada, olhando para o cadáver do meu empregador, única pessoa com quem eu tinha algum vinculo, que eu poderia chamar de família, o homem que me criou, que me fez o que sou hoje, - maldito seja por isso - mas que também matou meus pais por eles tomarem a mesma decisão que tomei hoje, ele me narrou como assassinou meu pai nesta mesma sala onde estamos, não deixei que ele terminasse a história, foi meu terceiro tiro na noite. O desgraçado morreu de olhos abertos, foi minha última vítima. Estou leve, agora pertenço ao vento, o fim da vida dele é o início da minha.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Aniversário...


Visionários futuristas alardeiam-se...
Vislumbrando o amanhã que nunca chega...
O cotidiano segue, a rotina sangra...
Sangra a vida dos que buscam um fim
Sempre a espera de algo à confortá-los
Os mais Longínquos cantos da terra testemunham...
A prosperidade como meta...
O sonho ocidental mundializado...
Todos os caminhos percorridos inadmirávelmente ignorados...
Apreciação posta de lado...
Uma colossal fábrica de seres mecanizados... inanimados...
Os bilhões de fantoches e o seu grande mestre...
Uma idéia... um ideal...
Pelo qual alguns findariam a própria vida... ou a vida alheia...
Assassinos de si mesmos...
Reprimindos impulsos imediatos...
O que fora feito com o tempo que nos foi concedido....?
Inadivertidamente finito...
Nunca há tempo o bastante...
Teme-se a morte... qual seria então a finalidade da jornada...?
Sentido, propósito, razão, finalidade...
Se a questão é a vida...
Aleatórias tornam-se essas palavras...
É possível que haja um tesouro...
Mas o mapa é muito mais precioso...

sábado, 4 de agosto de 2007

Bodies


Fiquei demasiadamente empolgado com o novo cd do Smashing Pumpkins, o "Zeitgeist". Não postarei por enquanto nenhum comentário sobre o álbum citado, já que não o ouvi o suficiente para emitir uma opinião a respeito, ao invés disso, mais uma vez, vou postar uma letra traduzida, dessa vez do álbum Mellon Collie and the Infinite Sadness de 1995... esses versos me definem um pouco no momento...

Nome Original: Bodies ( Billy Corgan): The Smashing Pumpkins

Tradução:Corpos

Bote as pérolas à parte de uma vida simples e miserável
Tome posse da minha vida, pra sempre
As cidades arruinadas tornam-se reconhecidas
Pelas imagens que mostram a você
Pela mágoa que você considera ser sua
Amar é suicídio...
Os corpos vazios permanecem em repouso
Vitimados por sua própria carne
Atormentados pelas suas privações
Mas nunca ninguém jamais soube
Ninguém
E Ninguém é igual a você
Ninguém...
Amar é suicídio...
Agora impelimos a escuridão, à contrariedade da paz
Só dá pra rejeitar pra sempre
O calamitoso está em ti
As visões secretas se escondem em ti
As noites solitárias te dividem em duas
Todos os meus calos agora demonstrados
Na escuridão dos meus sonhos, nos espaços entre nós dois
Mas nunca ninguém jamais soube
Ninguém
E Ninguém é igual a você
Ninguém...
Amar é Suicídio...


domingo, 15 de julho de 2007

Apenas um cara legal...

Estava eu, um dia desses, como todo jovem alienado, perdendo um dia inteiro na frente da TV. Não que a programação televisiva brasileira tenha dado um salto tão considerável de qualidade que justificasse passsar o dia na frente da televisão. Sim, eu confesso que estava, como dizem, "zapeando", pulando de canal em canal. Eu sei, eu sei, "que grande perda de tempo", mas não tinha nada para fazer. Confesso também que não lembro de muita coisa que vi naquele dia, mas recordo-me de, enquanto passava pelos canais, ter parado num deles, onde Vsª Excelência, o presidente Luis Inácio Lula da Silva, fazia mais um de seus famosos discursos de improviso, provavelmente em mais uma inauguração em algum ponto do país(não prestei muita atenção nisso também...). Me chamou a atenção algo que ele disse quando, aparentemente, indagado sobre redução da carga tributária, ele respondeu que, realmente era necessário reduzir alguns impostos mas que, porém, o país precisa arrecadar e que não haveria uma redução drástica nos tributos ao brasileiro. Salientou também que em países como França, Alemanha e Inglaterra, os impostos também são altos (são mais baixos que os do Brasil) e ninguém reclama por lá. Sim presidente, o senhor tem toda razão, a carga tributária nesses países subdesenvolvidos é realmente alta, o governo deles também não investem quase nada do dinheiro arrecadado em saúde, educação, moradias, infra-estrutura. Esses governos também passam a maior parte do ano as voltas com processos intermináveis de corrupção ao invés de aprovar leis importantes para o país, enfim, o senhor tem toda razão, a carga tributária é, diria eu, justissíma.
Bem, deixando meu sarcasmo barato de lado, é impressionante o quanto o brasileiro paga de impostos por ano. Só em 2006, a União arrecadou R$ 82 bilhões a mais do que no ano anterior. Segundo estudos feitos pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) o contribuinte brasileiro trabalha 146 dias(!) do ano somente para pagar impostos e taxas cobrados pelos governos federal, estadual e municipal.
Impressionante também é a inércia letárgica do brasileiro diante desse cenário abusivo. Todos nós apenas nos indignamos passivamente a seguidos escândalos, enquanto enfrentamos ondas de violência do crime organizado, condições precárias de saúde pública, educação cada vez pior e todos os intermináveis males que todo brasileiro já está cansado de saber.
Voltando ao nosso distinto presidente, que foi eleito pelo povo exatamente para diminuir as chamadas injustiças sociais (sem sucesso até agora...), a impressão que se tem (pelo menos eu tenho...) é que ele é inegávelmente carismático, parece ser um cara bacana, um sujeito simpático (sem sarcasmo) mas fico com a impressão de que nesses quase vinte anos que ele passou tentando se tornar presidente, ficou demasiadamente preocupado em chegar ao poder e não pensou, não planejou o que faria quando e se chegasse até ele. Porque, pelo que me parece, (não sou nenhum expert no assunto) apenas continuou a governar o plano da gestão anterior, está empurrando com a barriga, como dizem.
Enfim Sr. Lula, como já disse, o senhor parece ser um cara legal, gosta do bom e velho futebol, é corintiano como eu, mas como presidente, até agora, para mim que votei no senhor lá atrás na primeira eleição em 2002, como presidente o senhor falhou, repito, até agora. (quanta audácia me dirigir ao presidente...)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cortina...

As mais altas montahas que já vi
As luzes mais fulgurantes que já me cegaram
Os caminhos mais tortuosos pelos quais já caminhei
Ao badalar dos sinos da meia noite
Meu coração entoa uma pujante súplica
As estrelas caem, a memória permanece...
O sangue ferve em minhas veias
Rompendo barreiras, buscando a vida exterior
Rastejando por um pouco de atenção
Os olhos de papel me observam
indubtavelmente mortos... como eu...
Lançado no abismo da decepção
Vejo seus lábios proferirem palavras de dor
Minha dor... em suas palavras
Mando meu coração para o aleatório
Seu cheiro me entorpece...
Por trás dos muros de vidro...
Me escondo... estou cego...
Desisti de tentar entender as pessoas...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Estou sofrendo de bloqueio criativo... então pra compensar minha falta de versatilidade literária, vou postar uma letra traduzida de uma das minhas bandas favoritas, o Smashing Pumpkins. E acho que já deu para notar minha empolgação com a proximidade de lançamento do novo álbum da banda... quem estiver lendo isso (se é que alguém lê esse blog...) e nunca teve o prazer de ouvir-los, para o bem dos seus tímpanos, ouça...
Smashing Pumpkins - Mayonaise (Tradução)

Tolo o bastante para quase se-lo
Bom o bastante para quase não ver
Dominado...
Pegue seus bolsos cheios de tristeza
E fuja comigo amanhã
Junho...
Nós tentaremos diminuir a dor
Mas de algum modo nos sentiremos do mesmo jeito
Bem, ninguém sabe para onde vão os nossos segredos...
Eu mando um coração para todos os meus queridos
quando a sua vida estiver muito melancolica
sonhe...
Eu cochichei para o certinhos
enquanto as prostitutas dos meus perigos gritavam...
e eu falho...
mas quando eu puder eu vou tentar entender
mãe, os anos que me faltam
todo o tempo pode ser tomado de volta
cale a minha boca e mate os demonios
que amaldiçoaram você e seus motivos
fora de controle e fora de época
sem amor e sem sentimentos
quando eu puder eu vou... palavras desafiam o plano
tolo o bastante para se-lo
e bom o bastante para nao ver
E velho o bastante para me sentir assim
Sempre velho, sempre me sentirei assim
Sem mais promessas, sem mais tristezas
Não irei mais seguir...
Alguém pode me ouvir?
Eu só quero ser eu...
Quando eu puder eu vou tentar entender... que quando eu puder, eu vou...

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Os Abóboras ressurgem

O Smashing Pumpkins está de volta.

Uma das melhores bandas dos anos 90 iniciou sua resurreição no dia 22 de maio em Paris, apresentando uma nova formação. Como já havia sido anunciado, o vocalista Billy Corgan e o baterista Jimmy Chamberlin são os únicos remanescentes da formação original, no show na capital francesa eles foram acompanhados por Jeff Schroeder na guitarra, Ginger Reyes no baixo e Lisa harriton nos teclados mas, não se sabe ainda se os novos integrantes participaram da gravação do novo álbum, intitulado "Zeitgeist", que será lançado no dia 10 de julho.
Neste primeiro show que a banda faz desde o ano 2000, eles tocaram uma quantidade considerável de músicas novas, acompanhadas, é claro, de muitos de seus clássicos como, "Today", "1979" e "Disarm". Aproveitaram também para divulgar o lançamento de seu novo site, (www.smashingpumpkins.com) que promete divulgar conteúdo alternativo divulgado pelos fãs, que poderão postar notícias, fotos e vídeos para ajudar a enriquecer o conteúdo do site.

Para quem ainda não conhece o Smashing Pumpkins, basta dizer que é deles o disco duplo de rock mais vendido da história, o "Mellon Collie and the infinite sadness" de 1995. Claro isso é um dado mercadológico que nada prova a qualidade da banda, mas serve como parâmetro, afinal, se uma banda tão pouco conhecida vendeu tanto deve ter algo de especial. E tem.

O Smashing Pumpkins surgiu no início dos anos 90, exatamente na época do movimento grunge, chegando inclusive a ser atrelada ao último grande movimento do rock, o que é um equivoco. Apesar de apresentar caracteristicas comuns com algumas bandas grunge, o som do Smashing Pumpkins era mais equilibrado, mais trabalhado mas, claro, com todo peso das guitarras nervosas de Billy Corgan e do talentoso James Iha. A banda contava também com o já citado baterista Jimmy Chamberlin e a ótima D'arcy Wretsky no baixo, com quem Billy Corgan, líder da banda brigou, culminando assim com o fim da banda em 2000. Rumores afirmam que o ex-guitarrista James Iha teria imposto uma condição para voltar a banda, e essa condição seria a, também, volta de D'arcy, aparentemente ignorada pelo líder da banda Billy Corgan.

Porém, brigas e separações a parte, o Smashing Pumpkins está de volta a ativa, para a alegria de todos os fãs que ficaram órfãos por longos seis anos e agora esperam ansiosos pelo lançamento de seu próximo álbum. A boa música, também, agradece.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Outono

Uma ilusória sensação de adaptação, é notável minha anti-sociabilidade...
Meio perdido entre personalidades tão parecidas...
Num esforço descomunal, da minha parte, sou bem aceito...
Relações interpessoais se sucedem, inevitáveis...
Meu lado diplomático adormecido aflora-se, a costumeira intolerância descansa...
Me sinto a vontade, na medida do possível...
Uma estranha sensação de conforto, tentativa constante de adaptação...
Minha notável impaciência inquieta-me...
Distancia-me, involuntariamente, daqueles que aparentemente me suportam...
Minha mente me engana, inverte os papéis...
Confusão confortável, conveniência inquietante...
A realidade perturbadora me abraça fria...
Vejo claramente todos os meus mundos, universos paralelos, retorcidos, distorcidos...
Eu segui o caminho para o deserto, o sol brilha mas é tudo tão escuro...
As cores do outono me comfortam...
Dias passam, flores caem, pessoas morrem...
Arrependimentos, frustrações, não importam mais...
Apenas seguirei minha trilha, sem lamentações, afinal...
Eu escolhi caminhar sozinho...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Um domingo qualquer...

Dia nervoso... Solitário... esperei tanto por isso...
Agora só quero companhia, não as de sempre, alguma nova...
Dia chuvoso e ensolarado, tento esquecer o que já deveria ter feito...
Porque me deixa deveras preocupado...
Sintomática é minha irresponsabilidade...

Apenas sentado no sofá o dia inteiro...
Os jogos se sucedem, meus olhos cansam...
Indesejáveis se tornam permanentes...
E ao som do sono alheio caio no sono

Passar o dia esperando por outro cansa...
O medo da improbabilidade de sucesso esgota...
Derrotismo exacerbado, realismo sensato... sinônimos...
Tantos erros, tão poucas lições aprendidas...

A música acalma, enerva, excita...
Uma curta viagem até um outro estado de espírito...
Interrompida pela noite...
O tempo passa inevitávelmente...

Ruas se sucedem sob meus pés...
Temos destino definido, a ausência inesperada surpreende...
Agora sem rumo, caminhando aleatóriamente... respirar...
Aglomeração, silêncio interompido... não em minha mente...

Desconectado, tantas perguntas sem resposta...
Lembrar dos olhos dela, cegar minha razão...
Tomo o caminho errado pra chegar em casa...
A jornada me acalma... longos 35 minutos...

A quietude do lar vazio... a água fria do chuveiro...
Meu estômago enjoado reclama...
Preciso de algum estímulo...
Porque a noite vai ser longa...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

O Estereótipo Baiano



Bem, esse é apenas um breve e rasteiro comentário sobre o que eu penso a respeito da imagem difundida da Bahia mundo afora.
Claro que essa é uma opinião minha, sem nenhuma pretensão em ser o dono da verdade.

Pensando-se num âmbito geral, quando se fala de Bahia as primeiras imagens que vêm à mente são, o carnaval, as belas praias, a suposta hospitalidade do povo e sua alegria constante, enfim, infindáveis conceitos cantados em prosas e versos, forjados em telas de cinema e televisão e disseminados turisticamente ao redor do mundo. Afinal, como atrair turistas sem boa publicidade? Uma imagem negativa de um estado com belezas naturais tão exuberantes não beneficiaria a ninguém. Entretanto, essa idéia foi difundida com demasiada energia que mesmo os baianos passaram a acreditar piamente nesse conceito superficial, ficando completamente alheios às particularidades negativas que os próprios enfrentam no dia a dia, como se na Bahia tudo fosse incomensuravelmente maravilhoso, “onde é verão o ano inteiro e todos são felizes”.
Claro que não dá para negar todas as riquezas naturais e culturais desse estado que foi o ponto de partida para a “descoberta” do Brasil. A história da Bahia é inegavelmente rica, tecida por culturas estrangeiras completamente antagônicas, formando assim uma identidade própria que caracteriza o povo baiano e a própria Bahia. O sincretismo religioso, que funde ritos do candomblé africano com o catolicismo europeu, a capoeira e até mesmo o carnaval, são elementos marcantes dessa cultura. Isso sem falar nos grandes poetas e músicos baianos que se destacam ao redor do globo.
A argumentação é que essas notórias qualidades não podem esconder todos os problemas sociais existentes, a falta de saneamento básico, moradias precárias, violência urbana, desemprego, a saúde e a educação públicas em frangalhos, enfim, todas as dificuldades que a maioria da população sofre diariamente sem nenhum amparo do estado. E todos os problemas citados se restringem praticamente só à capital Salvador, não dá pra listar aqui os percalços que acometem a população de todo o estado. Enquanto isso, as classes mais abastadas, que são cerca de 5% da população, se divertem ao ver um preto, pobre, louco e sem dentes numa tela grande de cinema.
É preciso desmitistificar este conceito de felicidade reinante e prestar-se mais atenção aos visíveis problemas alastrados, não só na capital, Salvador, mas também no restante do colossal estado baiano.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Parede branca



Manhã de segunda-feira, ele acorda as cinco com o despertador na cabeceira da cama, contra a vontade se levanta, precisa ir para o trabalho, por quê? Ele se pergunta. Todos aqueles anos repetindo o mesmo ritual, doentio, pensa.
Lembra a época de colégio, era parecido, mas, até certo ponto, era também divertido. Chegara até a universidade, engenharia, sempre fora bom em matemática, apesar de não gostar, foi aí que percebeu que não conseguia mais conviver com outras pessoas, não suportava os olhares, os sorrisos, estão rindo de mim, ele pensava, às vezes queria ser invisível como aquela personagem que vira no cinema, passar pela multidão sem ser notado, descansar no conforto solitário da sua mente.
Não queria mais encarar as pessoas, há pessoas na fábrica, mas, elas apenas repetem mecanicamente os mesmos movimentos todos os dias, não há necessidade de convivência social, ele delira, ele faz apenas sua parte naquela enorme engrenagem e volta pra casa para dormir e esperar angustiado pelo próximo dia.
Esta noite ele não consegue dormir, pela primeira vez em todos esses anos de trabalho. Começara cedo na fábrica de computadores, seus olhos estão secos, mal conseguia piscar, sentia muito sono, mas não conseguia dormir. É quase cinco da manhã, passara a noite inteira pensando, pensando em que? Ele não se lembrava, lembra a chuva que caía, não dava para ouvir os pensamentos. Cinco horas, não se levantou , queria finalmente entender sua vida, ali naquele pequeno apartamento no centro da cidade, quatro anos desde que saiu de casa, não suportava mais a voz de sua mãe, sempre se queixando da morte do marido. Ela o visita toda sexta-feira, arruma o apartamento, sempre bagunçado, diz que ele não tem competência para viver sozinho. Ela vai embora, depois de quase o obrigar a assistir com ela o programa daquele cara na TV, diz que o ama ao sair.
Todos os seus desejos foram sobrepostos e suprimidos pelas inúmeras frustrações, olhou para trás e tudo que vivera fora nada, só o que resta é perguntar, porque está aqui? Vale a pena viver mesmo sabendo ser incapaz de amar alguma coisa ou alguém? Seria egoísmo ceifar a própria vida em detrimento àqueles que o amam, se é que alguém o ama? Ou o egoísmo seria para consigo mesmo se não o fizesse?
Quinta-feira, dormiu um dia inteiro, sonhou que amanhecia morto, o coração havia parado, seria muita sorte se acontecesse, morrer dormindo, sonhando, seria um sonho. Lentamente se levanta, vai até o banheiro, observa seu rosto cansado no espelho, já nem se reconhece mais, não faz idéia da última vez que fez a barba, não importa mais, lembra-se da adolescência, queria ter barba, parecer mais maduro, as garotas costumavam gostar de caras assim, lembra.
Há sempre uma garota. Quase chegou a amar uma, mas não era amor, era só a aluna mais popular do colégio. todos os garotos a “amavam” de certa forma.
Mais um gélido fim de tarde de inverno, as pessoas voltam para casa de seus empregos em seus carros, cumprindo religiosamente um ritual diário, sem saber do observador no quinto andar do velho prédio no centro. Observa e se pergunta, porque não simplesmente fazer o mesmo? Conformar-se com uma existência ínfima não deveria ser tão difícil, mas o desejo de suicídio é quase incontrolável, a arma está na terceira gaveta do seu armário, a cidade é violenta, precisava de proteção, mas nunca comprou as balas, tinha medo de precisar atirar em alguém, nunca pensou que seria em si mesmo.
A loja de armas que fica ao lado da padaria está aberta, sente fome, mas, pra que comer se seu próximo passo seria o último? Entra na padaria, pede uma esfiha de queijo, ao menos uma última refeição, o melhor prato que já teve o prazer de provar, já não comia há dias. Terminada a refeição, comprou as balas na loja ao lado, não respondeu satisfatoriamente à pergunta do vendedor, para que as balas? Eu tenho porte de arma, disse.
Agora só tinha de voltar para o apartamento e terminar seu calvário. Parecia fácil, encoste a arma na cabeça e puxe o gatilho. E se a bala ficar alojada em alguma parte do cérebro e começar um novo martírio?Uma vida vegetativa. Parece absurdo, afinal seria um tiro à queima roupa, praticamente impossível, porém nunca teve muita sorte na vida, melhor não arriscar, mais sensato seria atirar no céu da boca ou no meio dos olhos. Sua vida não passou inteira diante dele, pensou em quem ficaria em seu lugar na fábrica, pensou em sua mãe, ela é velha, não vai sofrer com sua morte por muito tempo. Não chorou, já não o fazia desde a infância, encostou-se numa das paredes do apartamento, pôs o cano de sua Magnum 44 entre os olhos. Pele, crânio, cérebro, crânio, pele, a parede branca se tornou vermelha.