Matar é minha profissão, é uma coisa natural para mim como cortar o cabelo ou tomar o café da manhã, sempre foi assim desde criança, meu nome é Betty Matsumoto sou uma assassina profissional e sou boa nisso, muito boa, aliás.
Era uma noite fria, como eu gosto, perfeita para trabalhar,cheguei à casa do alvo às 09h47min, fiquei a espreita, observando através da janela, dava para ver um homem sentado num sofá, mas ele não estava sozinho, haviam duas crianças com ele, duas garotas, provavelmente suas filhas, ele as abraçava com força enquanto assistiam algum programa na TV, estavam sorrindo por algum motivo. Aquela cena não era comum para mim já que nunca tive uma família de verdade, meus pais, filhos de imigrantes japoneses, foram assassinados quando eu ainda era um bebê. Meu Pai trabalhava para a máfia, era o braço direito do homem para quem eu trabalho agora, pelo menos foi o que me disseram, era o assassino perfeito, dizem, tal pai tal filha, acho que teria orgulho de mim.
O homem que estava prestes a matar não parecia um sujeito perigoso como os que eliminei anteriormente, todos assassinos profissionais, traficantes, mafiosos, geralmente de alguma organização rival de meus empregadores. Admito que foi divertido matá-los e muito lucrativo também. Era simples, eu obtinha as informações a respeito do alvo, entrava em seu recinto e o executava, sem piscar. Porém hoje, pela primeira vez em todos esses anos, eu hesitei, fiquei horas observando através do vidro sujo da janela daquela casa simples, o comportamento harmonioso daqueles pobres mortos-vivos, hesitante como nunca estive antes.
Eu recebo ordens e as obedeço, sou bem paga para isso, fui treinada desde criança por meu empregador, ex-chefe de meu falecido pai, que me tomou como sua própria filha. Domino as técnicas das artes marciais japonesa, chinesa e tailandesa, karate, kung fu, muai tai, sou praticamente perfeita com uma arma de fogo na mão, seja ela qual for, eu nunca erro, tenho o que eles chamam de “visão periférica”, mas não gosto de matar a distância, gosto que os calhordas que elimino vejam por quem foram executados. Meus empregadores quiseram assegurar-se de que eu seria a arma perfeita, desprovida de qualquer sentimento inútil, que torna o ser humano débil e fraco e conseguiram, até hoje.
Eu recebo ordens e as obedeço, sou bem paga para isso, fui treinada desde criança por meu empregador, ex-chefe de meu falecido pai, que me tomou como sua própria filha. Domino as técnicas das artes marciais japonesa, chinesa e tailandesa, karate, kung fu, muai tai, sou praticamente perfeita com uma arma de fogo na mão, seja ela qual for, eu nunca erro, tenho o que eles chamam de “visão periférica”, mas não gosto de matar a distância, gosto que os calhordas que elimino vejam por quem foram executados. Meus empregadores quiseram assegurar-se de que eu seria a arma perfeita, desprovida de qualquer sentimento inútil, que torna o ser humano débil e fraco e conseguiram, até hoje.
Finalmente decido entrar na casa, sinto meu coração bater mais forte, nunca havia sentido nada parecido, o suor escorre da minha testa, minhas pernas não estão tão firmes como de costume, ainda hesitante, entro pela porta dos fundos, passo pela cozinha, impecavelmente limpa, chego até a sala onde todos assistem TV, me aproximo ainda me esgueirando, imperceptível, por trás do sofá, aponto a arma para a cabeça do alvo, mas preciso olhar em seus olhos antes de mandá-lo para o inferno. Dou a volta no sofá, todos ficam em silêncio, o homem abraça ainda mais apertado suas filhas, as crianças choram baixo, assustadas, a essa altura eu já deveria ter executado o alvo, mas ainda estou hesitante, não recebi nenhuma informação a respeito do infeliz apenas o endereço e uma foto, não há dúvida, é ele o alvo, mas não parece um traficante, nem um assassino, muito menos um mafioso e não o é, de fato. Ele começa a falar, nunca havia eu dialogado com um alvo a poucos minutos da execução, ele diz que é comerciante da região, pai solteiro, sua mulher o largou com duas filhas pequenas há dois anos. Como todo comerciante ele paga taxas para a máfia para que o permitam funcionar sua loja, ele vende, importa e conserta relógios antigos, um negócio difícil para os dias de hoje.
O homem implora por sua vida e, sobretudo, pela vida das suas filhas, repete várias vezes para que o mate, mas deixe as crianças em paz, ele sabia do que se tratava, estava a mais de um ano sem pagar a mesada aos mafiosos, foi advertido várias vezes, até que eles perderam a paciência. Eu admito, acho que pela primeira vez, por alguns segundos, senti compaixão, empatia. Aquele homem não era um traficante, um assassino nem um mafioso, era um pai solteiro que criava duas filhas, sozinho, sem ajuda, e sustentava as crianças honestamente como comerciante, enquanto um mafioso rico, usurpava dele boa parte de seu lucro sob pena de fechar o lugar ou pior, que foi o caso, foi condenado a morte, fui designada para o serviço.
Sabia que era injusto completar a missão que me foi dada, mas esse é o meu ofício, sou paga para isso. Apontei minha Glock com silenciador para o alvo, já não estava mais tensa, estava decidida, ele iria morrer ali mesmo, na frente das filhas. Então surpreendentemente uma das garotas colocou-se a frente do pai, abraçando-o, servindo de escudo para que eu não o atingisse, hesitei mais uma vez, as crianças agora choravam alto, começavam a chamar a atenção, eu precisava terminar logo o serviço. E foi o que eu fiz calculei o ângulo do coração do alvo através da menina e atirei nas costas dela, os dois morreram abraçados.A outra garota ficou catatônica, mal se mexia, eu tinha de completar o trabalho, porque, provavelmente a polícia estava a caminho, depois de todos os gritos das crianças, algum vizinho deve os ter chamado. Aquela criança iria viver só, na rua, possivelmente se viciar em drogas depois do que viu aqui, ou pior poderia ser adotada por um chefão da máfia e transformada em uma arma, fria, calculista, sem sentimentos, sem vida, como eu. Um tiro bastou para salvar sua vida. Chorei, pela primeira vez.
Voltando para dar satisfações ao meu empregador, decidi que esse tinha sido meu último serviço para a máfia, decidi finalmente viver minha própria vida e deixar a dos outros em paz. Agora, aqui sentada, olhando para o cadáver do meu empregador, única pessoa com quem eu tinha algum vinculo, que eu poderia chamar de família, o homem que me criou, que me fez o que sou hoje, - maldito seja por isso - mas que também matou meus pais por eles tomarem a mesma decisão que tomei hoje, ele me narrou como assassinou meu pai nesta mesma sala onde estamos, não deixei que ele terminasse a história, foi meu terceiro tiro na noite. O desgraçado morreu de olhos abertos, foi minha última vítima. Estou leve, agora pertenço ao vento, o fim da vida dele é o início da minha.
O homem implora por sua vida e, sobretudo, pela vida das suas filhas, repete várias vezes para que o mate, mas deixe as crianças em paz, ele sabia do que se tratava, estava a mais de um ano sem pagar a mesada aos mafiosos, foi advertido várias vezes, até que eles perderam a paciência. Eu admito, acho que pela primeira vez, por alguns segundos, senti compaixão, empatia. Aquele homem não era um traficante, um assassino nem um mafioso, era um pai solteiro que criava duas filhas, sozinho, sem ajuda, e sustentava as crianças honestamente como comerciante, enquanto um mafioso rico, usurpava dele boa parte de seu lucro sob pena de fechar o lugar ou pior, que foi o caso, foi condenado a morte, fui designada para o serviço.
Sabia que era injusto completar a missão que me foi dada, mas esse é o meu ofício, sou paga para isso. Apontei minha Glock com silenciador para o alvo, já não estava mais tensa, estava decidida, ele iria morrer ali mesmo, na frente das filhas. Então surpreendentemente uma das garotas colocou-se a frente do pai, abraçando-o, servindo de escudo para que eu não o atingisse, hesitei mais uma vez, as crianças agora choravam alto, começavam a chamar a atenção, eu precisava terminar logo o serviço. E foi o que eu fiz calculei o ângulo do coração do alvo através da menina e atirei nas costas dela, os dois morreram abraçados.A outra garota ficou catatônica, mal se mexia, eu tinha de completar o trabalho, porque, provavelmente a polícia estava a caminho, depois de todos os gritos das crianças, algum vizinho deve os ter chamado. Aquela criança iria viver só, na rua, possivelmente se viciar em drogas depois do que viu aqui, ou pior poderia ser adotada por um chefão da máfia e transformada em uma arma, fria, calculista, sem sentimentos, sem vida, como eu. Um tiro bastou para salvar sua vida. Chorei, pela primeira vez.
Voltando para dar satisfações ao meu empregador, decidi que esse tinha sido meu último serviço para a máfia, decidi finalmente viver minha própria vida e deixar a dos outros em paz. Agora, aqui sentada, olhando para o cadáver do meu empregador, única pessoa com quem eu tinha algum vinculo, que eu poderia chamar de família, o homem que me criou, que me fez o que sou hoje, - maldito seja por isso - mas que também matou meus pais por eles tomarem a mesma decisão que tomei hoje, ele me narrou como assassinou meu pai nesta mesma sala onde estamos, não deixei que ele terminasse a história, foi meu terceiro tiro na noite. O desgraçado morreu de olhos abertos, foi minha última vítima. Estou leve, agora pertenço ao vento, o fim da vida dele é o início da minha.
Estarrecida! Nossa, nem sei o que comentar sobre esse texto. Chocante, profundo, arrepiante, inquietante. Tantas coisas em um só texto. Pra poucos...parabéns Cleber, de verdade. De longe, pelo menos pra mim, uma das melhores coisas que li por aqui.
ResponderExcluirBeijos
Daria um excelente filme. Gostei muito da história, não tirei meus olhos do texto até o fim. Parabéns!
ResponderExcluirAgradeço-te por escrever algo diferente do convencional.
ResponderExcluirQue o senhor mantenha-se assim...
...e que use mais branco!
Saravá!
eu não li não...mas o texto ta do caralho!!!
ResponderExcluirMuito comovente essa história. O que eu posso falar a respeito?!Não sei exatamente,estou pensando. Criador e Criatura é a palavra chave.O ser humano é uma "máquina" cheia de sentimentos e é imposível se livrar disso,as pessoas vivem pra experimentar cada um dos sentimentos, mesmo que seja em uma pequena porção.Você pode ser frio, calculista, mais a qualquer hora uma fagulha que seja vai tocar e fazer despertar as emoções que existem dentro de você. As ações do ser humano são imprevisíveis,somos uma caixinha de surpresa,somos únicos,diferentes e a todo instante estamos modificando mentalmente. Hoje eu posso pensar de uma forma, amanhã já não sei.
ResponderExcluirCom relação ao criador e a criatura o homem sempre vai estar sujeito a isso,sujeito as mudanças que o cercam,procurando aquilo que mais o favorece ou não,ou seja, as coisas que você faz,as ações do dia-a-dia podem se voltar contra você.Devemos pensar muito bem no que estamos ou iremos fazer,por que isso pode mudar o curso de nossas vidas,podemos até contornar esse percurso mais com certeza deixará uma marca.Agora basta saber se será boa ou ruim...
Adorei o texto Cleber. Você como sempre,fazendo o diferencial e inovando,nadando contra a corrente do rotineiro.É isso aí,você não é mais um na multidão,pode ter certeza quanto a isso.
Demorei mais postei,rsrsrrs..... Espero que vc goste....
Bjus,adoro vc eeeeeee sou amiga sim =P
Helen Maria
meu Deus!! eu realmente fiquei sensível agora. o seu texto é muito profundo, amei.
ResponderExcluirhistória maravilhosa... é tão bom entrar num blog assim, no meio de uma aula chata de ppg, e sentir-se tão bem.
parabéns!!!
beijo ;*
Meu Deus!
ResponderExcluirTexto singular e bem escrito.
Parabéns...
Ainda estou meio sem palavras!
Depois de quase 2 anos que li o texto, deixo meu comentario (talvéz eu tenha ficado em estado de choque e só agora me recuperei, rsrsrsrs...).
ResponderExcluirO texto é otimo e realmente prendeu minha atenção para saber qual seria o final.
Foi bom vc ter canalizado seu "humor negro", ironia, sarcasmo e coisas do tipo, para escrever algo tão legal.
Ah, gostei de alguma coisa!!!