domingo, 1 de maio de 2011

MEU PRIMEIRO HERÓI

Eram tempos de brincadeiras de criança, de andar de bicicleta, de odiar acordar cedo para ir à escola, mas aos domingos era um prazer levantar antes do relógio marcar dois dígitos. Era diversão, era idolatria, era religião. No país do futebol, o automobilismo – mais especificamente a Fórmula 1 – tornava-se o esporte mais popular do Brasil, e tudo graças a um homem, uma lenda, um brasileiro: Ayrton Senna da Silva.

Eu não tinha idade pra entender o que ele representava para um país recém-saído de uma ditadura militar, que não dava aos seus cidadãos motivos para orgulhar-se de sua terra, mas para mim ele era um herói, no mais puro sentido da palavra. Achava que ele tinha poderes, que era invencível, eu queria ser como ele. Queria todos os brinquedos que faziam alguma referência à Senna ou à F1. Apostando corrida de bicicleta com amigos, eu dizia que meu nome era Senna, era também o nome que usava no Top Gear, do Super Nintendo (zerei o jogo com este nome! hehehe).

Eram tempos em que os pilotos controlavam as máquinas e não as máquinas que faziam os campeões. E Senna era um vencedor, obcecado pela vitória, pela competição. Quando entrava no cockpit, nada mais importava, só a corrida, só a vitória.

Era incrível vê-lo correr e após receber a bandeirada final como vencedor, parar em algum ponto da pista para pegar a bandeira brasileira e exibi-la tremulante até o ponto mais alto do pódio. Posso dizer que ele me fez entender o que era ser parte de um país, e de alguma forma ter orgulho de ter nascido no mesmo país de uma figura tão impressionante.

Bem, hoje é 1 de maio, dia da morte de Senna, há dezessete anos, no circuito de Ímola, na Itália. Eu poderia escrever linhas e mais linhas de como me senti naquele dia, mas tenho certeza de que não saberia explicar a sensação. Só posso dizer que foi muito doloroso ver meu primeiro herói morrer ao vivo. E embora ele tenha partido, sua lenda perdurará por muito tempo ainda, pois como costumo dizer, heróis nunca morrem.

Quem quiser contar quem foram seus primeiros heróis, fique à vontade.


P.S.: Assistam o documentário Senna, do documentarista britânico Asif Kapadia (aliás uma vergonha pro Brasil este filme ter sido feito por um inglês) lançado no ano de 2010, para quem não se lembra ou não viveu a época é a chance de conhecer e sentir um pouco do que Senna representava. E pra quem lembra, viveu a época e é fã (como eu), segure as lágrimas, as lembranças são fortes.


Esta ilustração é minha humilde homenagem a este grande piloto (e gênio) brasileiro.


Aqui um vídeo do que os críticos da F1 consideram a melhor volta de um piloto na história da categoria. O GP da Europa, em Donington Park, na Inglaterra, em 1993.

Um comentário:

  1. Belíssima postagem Cleber, como todas as outras que você expõe aqui no blog.
    Hoje em dia as pessoas não possuem muitos heróis, melhor dizendo, não existem HERÓIS como antigamente. Nosso mundo anda muito bitolado, com pessoas alienadas... Tudo bem, não posso generalizar, mas é o que percebo na grande maioria das vezes. Não possuo palavras bonitas, meu vocabulário anda meio limitado (estou ficando alienada rs), mas simplesmente adorei esse post, entre as palavras pode-se notar o quão apaixonado você era e é pelo seu ídolo.

    Carpe Diem meu amigo

    Custei mas cheguei, rs (gosto de apreciar suas palavras na íntegra)

    Helen Carvalho

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