segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MELODIA MUDA




Ele percebeu que o quarto se tornava cada vez menor. Mas, não eram as paredes que estreitavam o espaço outrora confortável, e sim o tempo que se esgotava enquanto ele perecia na estagnação de sua alma.

Por anos se deitou na mesma cama, contemplou o envelhecimento daquelas telhas de cerâmica. A mesma cidade, o mesmo bairro, a mesma rua, o mesmo lar, a vizinhança detestável e uma vontade de desaparecer que lhe aprisionava.

Pensava estar condenado à reclusão perpétua naquela prisão suburbana. Os pensamentos flutuavam espaçadamente. Podia prever o futuro olhando para o passado e vivendo o presente.

Sabia que não se tornaria grande coisa, que o tempo que desperdiçou cometendo erros em demasia perdeu-se no espaço e que uma breve sensação de triunfo chegaria e se esgotaria tão rápido que não seria possível desfrutá-la.

Porém, não sabia até quando se questionaria sobre sua existência e da sua falta de entusiasmo em viver. Não pretendia interromper o ciclo, não buscava auto-satisfação, mas, a melodia ainda o fazia levitar.

Mas, apesar das muitas indagações e das desconfianças a respeito de outros, quis se camuflar, se misturar à paisagem, mesmo sabendo ter uma aura negativa. E muito embora não soubesse onde o ponteiro pararia, de uma coisa tinha certeza... não seria um fim glorioso... e não iria demorar...


Para Helen... (As coisas irão melhorar, acredite.)

4 comentários:

  1. aracas Maono tu tem um maior futuro como escritor bote fé @

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  2. Uau! Que texto lindo! Sensível, profundo e extremamente humano.
    Queria que todos os meus amigos depressivos lessem isso! É de alegrar o coração.
    Vc escreve bem demais Clebão.
    Tô babando teu texto!
    Parabéns!

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  3. Bem que você falou que eu teria uma supresa, só não esperava que fosse tanto assim rs. Os anos vão se passando, os olhos fechados pensam em tudo e ao mesmo tempo em nada, a vida continua a mesma, nada muda com o passar dos dias, não sabia que seria tão difícil crescer. Sem mais palavras só posso dizer que seu texto está belíssimo como sempre. Muito obrigada pela dedicatória Cleber, espero que as coisas realmente melhorem o quanto antes.

    Um grande beijo e abraço, te adoro meu amigo

    Helen

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  4. opsss,comi um R na postagem acima rs, corrigindo...Surpresa

    Bjão Cleber

    Carpe Diem

    Helen

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