quarta-feira, 17 de novembro de 2010

40 HORAS

Um mero semblante embaçado contempla o espelho. Abatimento profundo nos olhos. Olhos abraçados por olheiras intermináveis. Em um cansaço compulsivo e patológico que insiste em permanecer. Todos os refúgios desaparecem, submersos em uma nuvem sufocante... Minha realidade distorcida... Inverídica...

Traços de um alterego perturbador, de pesadelos sem pudor. Uma sobriedade artificial sacia minha sede, enquanto as paredes se estreitam. Entorpecente, viciante como ela é.  Pois ela é igual àquela imagem noir impregnada no subconsciente. Em um sentir inconsciente a divagar. E a esquecer de coisas que não quero lembrar...

Todos esses tempos se perderão no vácuo. Previsões equivocadas se desculparão... Estarei a me arrepender por defenestrar o contato. Não será por orgulho ou vingança. É minha imaginação a me privar da preciosidade de sua doce vaidade. E meus olhos teimosos que observam de perto e insistem em permanecer abertos...

Meu desperto sono profundo recria meu mundo. E um único pensamento povoa minha mente, aflora a minha melhor faceta. Um reles insone a contemplar o espelho... Lamenta o que precisa, mas não quer deixar para trás... Espera o fim das 40 horas para dormir e não lembrar, ao menos por alguns instantes, que precisa amar...


"Desculpem, não sou poeta..."