sexta-feira, 11 de junho de 2010

APESAR DA POUCA VIOLÊNCIA, HOMEM DE FERRO 2 MANTÉM O NÍVEL

Saio do cinema com uma estranha sensação. A sensação de ter assistido a um ótimo filme sobre armas ultramodernas, mas onde ninguém leva sequer um tiro. Depois do sucesso do primeiro filme, Homem de Ferro 2 era esperado com ansiedade por mim, afinal, o filme de 2008, impressionou pelos efeitos visuais e pelo roteiro simples, porém extremamente sólido, mas sobretudo pela figura carismática da personagem Tony Stark, interpretado brilhantemente pelo ator Robert Downey Jr. Mas, num único aspecto, a sequência deixou um pouco a desejar. A violência. Afinal, já dizia Quentin Tarantino, a violência é uma das coisas mais divertidas de se ver no cinema.

Na história o gênio e milionário industrial Tony Stark, após revelar sua identidade secreta numa coletiva de imprensa para o mundo todo, aproveita a fama como se fosse um astro pop. Ele faz extravagâncias absurdas, como uma feira de tecnologia que dura o ano inteiro ou decidir pilotar o carro de corrida da própria equipe pelas ruas do principado de Mônaco, poucos minutos antes da prova começar. Tudo isso pra alimentar seu ego e afirmar sua condição de super-herói. Porém, há também um problema com o dispositivo que mantém seu coração funcionando e a substância utilizada que o mantém vivo é a mesma que o está matando. Isso o faz perder o controle sobre suas ações enquanto tenta contornar um impasse com seu amigo, o Coronel Jim Rhodes (Don Cheadle) e com o exército norte-americano.

Como se já não bastasse, ainda surge um novo vilão, vindo da Rússia. Ivan Vanko (Mickey Rourke) busca vingança contra Stark. Por conta de uma associação passada entre seus pais, ele alia-se à principal concorrente das indústrias Stark para destruir o Homem de Ferro.

É sem dúvida inquestionável a habilidade de Jon Favreu em focar a história nas personagens, afinal, ele conseguiu fazer da figura arrogante e narcisista de Tony Stark um sujeito carismático e interessante. A relação dele com sua assistente Pepper Potts (Gwynet Paltrow) também é um dos pontos altos do diretor. E apesar da banalização do uso das armaduras de metal – que deveria ser uma coisa meio exclusiva – o roteiro não se perde e a ligação entre as personagens é muito bem construída. Os efeitos visuais são ainda melhores que no primeiro filme e as sequências de ação são, de fato, impressionantes.

O humor sarcástico contido nos diálogos, também segue a receita do primeiro filme, porém sem parecer repetitivo ou forçado. É difícil uma sequência manter o nível, sobretudo na qualidade do texto, mas o roteirista Justin Theroux consegue repetir com habilidade a fórmula do primeiro filme. A trilha sonora merece um capítulo à parte, pois quando é para falar de clássicos do rock como o AC/DC, não dá pra resumir. Sobre isso não dá pra fazer ressalvas. Perfeito.

A franquia Homem de Ferro nos cinemas deu uma repaginada positiva na personagem de Tony Stark. Para quem conhece os quadrinhos do herói, pode parecer meio estranho essa personalidade narcisista e meio cômica do Homem de Ferro, afinal, no universo das HQs, ele é um industrial extremamente seguro, que lidera os Vingadores como Homem de Ferro e não tem as inseguranças da personagem que vemos na tela grande, mas que, apesar disso, tem sérios problemas de alcoolismo.

Homem de Ferro 2 não decepciona. Robert Downey Jr. manteve o nível de atuação, assim como os demais – inclusive Don Cheadle que substituiu com muita competência a Terence Howard – e a direção competente de Jon Favreau deu o tom exato que o filme precisava. A inclusão de elementos que faziam referência a outros filmes vindouros de outros heróis da Marvel, como a aparição constante de Nick Fury (Samuel L. Jackson), diretor da S.H.I.E.L.D. e da agente Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) – aliás a sequência em que ela derruba dezenas de seguranças das Indústrias Hammer para invadir o local, é simplesmente sensacional – das menções à Iniciativa Vingadores, além da cena secreta no final dos créditos, deram uma amplitude interessante ao universo ao qual o Homem de Ferro está inserido e o que está por vir.

É a crítica foi positiva apesar do início. É que incomodou um pouco o fato de haver pessoas no fogo cruzado e ninguém ser atingido. Aí, como fã antigo da Marvel, me perguntei: “Será que isso já é o dedo da anti-violência Disney” – que comprou recentemente os direitos sobre as personagens da Marvel – Se foi ou não influência da casa do Mickey Mouse, eu não sei, mas este aspecto do filme me deixou um pouco incomodado. Mas nada que me faça dizer que Homem de Ferro 2 é um filme ruim, muito pelo contrário, excesso de armaduras de ferro e ausência de cadáveres a parte, Homem de Ferro 2 conseguiu seu lugar no hall das melhores adaptações dos quadrinhos para o cinema. Os fãs de HQs e da personagem – eu me incluo – já esperam ansiosos pelos próximos filmes da Marvel.